segunda-feira, 11 de maio de 2020

Diálogos da rede social

Entre as conversas (discussões quase sempre amigáveis) nas redes sociais, nesse tempo pandêmico caótico, alguém me acusou de que tenho usado o pensamento pra “vitimar” negros, pobres e miseráveis. Não sei se em plena face de seu ato falho, mas ao usar o termo me senti provocado a responder. Por isso, compartilho aqui o que a provocação gerou.




Vitimizar é diferente de vitimar, só pra esclarecer. Vitimismo é old-fashioned da galera anticorrupção. É o termo mais usado pra matar o povo por inanição. Vitimar é processo ativo de fazer vítima, papel ocupado pelo chefe do executivo nacional. Talvez fique mais claro nesses termo. Óbvio que os fundamentos conceituais tem base empírica, porque não me sobrou tempo pra divagar sobre a teoria social do pensamento numa postagem da rede social. Mas... por quê a necessidade de esclarecimento? Porque não estou nem fazendo uma coisa, nem outra. Não se pode achar que um peixe vai conseguir alcançar o topo de uma árvore igual uma girafa conseguiria. Muito menos, ainda, pode-se acreditar que uma girafa alcançará a profundidade do mar igual um peixe alcançaria. Repare que tem pelo menos três problemas aí: o desafio dado com condições desiguais, o sentimento de impotência natural por não realizar a tarefa e incapacidade de troca de esforços para auxílio das atividades por ambas as partes. 

As metáforas auxiliam na compreensão. Pelo menos, espero. 

Não dá pra querer cuidar da economia, quando não se cuida de quem precisa dela. Falar de enxugar o Estado é no mínimo cinismo. Quantos bilhões estão sendo dados pra os banqueiros? Quantos bilhões estão sendo perdoados? Quantos ricos no país tem fortunas sem o mínimo de taxação justa? Enquanto eu me lasco no IRPF, anualmente. Um Estado forte é aquele que tem o governo que cuida do povo e, por consequência, das políticas de saúde, educação, segurança, economia, dentre outras. 

Não dá pra querer falar de enxugar Estado, quando o governo não sabe pra onde ir. Só temos perdido dinheiro. Faz tempo! Mas, usando o seu próprio texto (talvez outro ato falho), nos últimos anos (governos petistas entraram aí) conseguimos amontoar trilhões de reservas, usadas recentemente pra equilibrar inflação, controlar alta do dólar (que nunca mais se ouviu falar) pra não “colapsar” a economia.

Nunca serei a pessoa que coloca a burocracia como argumento pra esperar o Estado fazer algo por mim. Mas não posso me furtar de cobrar que o Estado cumpra com seu papel. O governo precisa fortalecer seu povo. A Constituição é rasgada do início ao fim quando não cuida dos mais vulneráveis, dos mais fragilizados, dos pobre e oprimidos pelo sistema injusto e violento que tem nos governado nesses 4 últimos anos, ou quando desequilibra no tratamento servindo caviar aos ricos e nada aos pobres.

A fome era um problema vencido. Sempre que alguém manifestava essa necessidade e tinha acesso às políticas afirmativas (o Estado agindo) a Constituição cumpria seu papel, o governo cumpria seu papel, a justiça social ocupava seu lugar e o sistema financeiro recebia de volta. É burrice querer Estado mínimo deixando o povo com fome. Por conta do Estado que temos, o SUS tem salvado vidas. O SUAS também. Se dependesse da turma do Estado Mínimo, já tínhamos alcançado outros patamares de morte com COVID-19.

Eu não sou essa pessoa! Nunca serei. Mas o que eu sou, não posso negar: defensor dos direitos humanos, das políticas públicas, das reparações históricas, da igualdade, equidade, justiça e paz social. O resto, pra mim, é “pala de butico” de gente rica ou de gente pobre que aceita ser explorado por gente rica a pretexto de querer vencer na vida - como se fosse demérito ter oportunidade garantida pelo governo, quando da cobrança de que seu direito seja efetivado! 

Crise financeira é balela da classe dominante. Quem produz riqueza é a classe trabalhadora. Por que escravizá-la? Por que humilhá-la? Por que desmerecê-la? Os ricos deviam lamber os pés de seus empregados. Eles investem dinheiro, os trabalhadores investem seu tempo de vida, a distância da família, o risco de assalto, de morte, de ser atropelado, de andar em ônibus superlotado.

Não deixe a sua inteligência carcomer a sua sabedoria. O que o sistema opressor e violento quer é que você se culpe por ser um peixe que não sobe em árvore ou por ser uma girafa que não sabe nadar. Dinheiro, quando acaba, vive-se (em algumas ocasiões, miseravelmente). Vida quando acaba, morre-se!

PASSOU


-----De repente, as coisas pareciam ter fugido. Eu nunca imaginei que eu poderia sentir aquilo. O beijo que ela me dara parecia que nunca ia acabar. Eu não sei se foi o beijo mesmo ou apenas a sensação, mas o que eu sei, de fato, é que aquele beijo prolixo me fez sentir a pessoa mais boba do mundo.
-----Passei dias e noites sem dormir apenas pensando. As pessoas começaram a estranhar as lindas marcas negras embaixo dos meus lindos olhos, os quais pareciam mais os de ressaca. Mas nem isso, pra mim, que apaixonado por minha beleza, me fez parar de lembrar daquele beijo.
-----A minha vida parecia ter perdido o sentido. Descobrir o que fazer para lembrar foi muito difícil, mas eu achei. A vida só voltava a ter sentido novamente quando sentia o beijo da pessoa amada.
-----Eu já estava a desfalecer. O meu sangue era apenas paixão. Minhas pernas estavam bambas. Mas para o alívio de mim eu pude sentir novamente o meu corpo (e o dela) voltarem a bater. Latejavam feito uma ferida machucada. Tudo foi muito bom. O primeiro beijo agora já não era mais o primeiro. Agora o segundo
-----Pouco depois eu pude descobrir que tudo aquilo que eu passara com ela foi esquecido por ela e a culpada disso foi a morte, que veio sem avisar.


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----------------------------(Buron Lanu)

Cultura

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A cultura viva dos cristãos que morreram para nascer