Na sociedade em que o imediatismo é quase um deus – senão um Deus – é raro encontrar alguém que esteja desprendido dele. Preocupa-se muito mais em se viver o presente, ou atentar pra o futuro, e até rebuscar os tempos que se foram, contanto que o tempo seja o delimitador diário das nossas ações e atitudes.
A Bíblia diz que cada tempo tem seu tempo determinado. Há tempo pra tudo. Tudo é tempo. Tudo envolve o tempo. O tempo está em tudo! E talvez com tudo - e até com a perca dele! Como é belo observar a perca de tempo do povo. Como o povo tem vivido com o tempo agarrado na cintura como um estrangulador nos animais ferozes.
Como é belo olhar os britânicos que perdem uma parte importante do dia para tomar chá – sem pretensão de me tornar atrevido a ponto de importunar a rainha com meu nefando e comedido comentário tecido acerca do seu reinado. Inclusive, Deus salve a rainha! Eu sei que esse comentário será alvo de várias divagações acerca da minha pessoa, personalidade e caráter. Mas, como é de meu feitio, não posso deixar de fazê-lo. Voltando aos britânicos, não raro se encontra os pubs da Grã-Bretanha lotados às cinco para praticar seu ritual sagrado. A liturgia menos litúrgica – do ponto de vista organizacional - e mais eficiente já existente.
Não raro também, num tempo em que o mundo corre às frouxas, em determinados países, encontramos pessoas estonteadas, quando não encontramos tontas, de tanto “orar”. O mundo acaba, “Obama” Bin Laden é assassinado, navios piratas são regularizados, o casamento gay se torna comum no Brazil (lol) – e na índia, porque no Brazil é bem fácil, e todo mundo de joelhos, parado, pedindo aos deuses, quem quer que sejam, para aliviar as tensões. Ora, nem eles o fazem!
Seria irrelevante, pra quem pensa, explicar a relação que há entre as duas culturas. (Inclusive deixo a ressalva de que não estou aqui me valendo da liberdade de expressão para agredir nenhuma cultura ou – mais especificamente – nenhuma religião. Acredito, entrementes, que não será necessário mais explicações, pois aos inteligentes poucas palavras são necessárias.) Entretanto, não se pode deixar de mencionar que as peculiaridades as tornam prima-irmãs. Ambas tem regimes opressores, digamos que uma mais visível mundialmente que a outra; os achaques que os levam a parar no tempo são idealizados por quem tem poder; os modelos seguidos são hereditários (do mais rico pra o mais pobre! – Esse é o momento para o “kkkkk” conhecido de todos).
Trazendo a realidade um pouco mais pra perto, é fácil constatar a quantidade de pessoa que tem um relógio preso ao pulso – a começar em mim. Por qual motivo as pessoas andam com o relógio como que arraigado em seu pulso, como um escravo preso ao seu senhor? Este com certeza tem sido um questionamento intrigante – ou interesting, como diria o Dr. House. Tem pessoas que chegam a confundir o som do coração com o barulho do ponteiro. Tudo está muito confuso – ainda bem! Falando de causa própria, a experiência de ser controlado pelo tempo de forma mais notória torna-se aflitiva dia após dia. Não há quem possa sobreviver ao Sr. tempo. Nem a vida resiste.
A propósito, o ciclo de vida de uma pessoa, de um objeto, relevante ou irrelevante, é medido pelo tempo. Dessa forma o tempo pode ser entendido como instrumento nivelador. Pobre ou rico, preto ou branco, mulher ou homem, não pensante ou pensante, todos têm que respeitar e obedecer com muita cautela o Sr. Tempo. Afinal, ele manda e desmanda.
Com o tempo não se brinca. Isto é fato – irreversível, cá pra nós (óbvio, se é fato, não tem como mudar). A única coisa que pode ser feito, se é que há algo a se fazer, é viver. Viver e não ter a vergonha de ser feliz, como afirma o mestre Gonzaguinha. É viver o tempo que o Tempo, ser maioral, Divindade Superior, Senhor dos senhores lhes dá pra viver. Afinal, como diz Zygmunt Bauman “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar."
texto muito dificil, mas espelho de como vivemos... parei pra pensar o quando nois dificultamos nossas vidas diante do Senhor TEMPO. PARABENS Bruno.
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